Urina com cheiro de peixe: causas e tratamento
A aparência e o odor da urina podem dar indícios de que algo não está bem no nosso organismo. Por esse motivo, é importante observá-la após cada micção dentro do possível.
A urina com cheiro de peixe tende a estar relacionada com duas situações principalmente, a primeira relacionada com a urina, conhecida como trimetilaminúria, e a outra relacionada com uma infeção vaginal conhecida como vaginose bacteriana e outras causas como a gravidez, o consumo de algumas vitaminas e a alimentação.
Se você quer saber mais sobre a urina com cheiro de peixe: causas e tratamento, te convidamos a continuar lendo esse artigo do ONsalus.
Síndrome do odor de peixe podre: trimetilaminúria
Uma das razões pelas quais pode surgir urina com cheiro de peixe é conhecida como trimetilaminúria (TMAU) o síndrome do odor de peixe podre. É uma doença rara que é provocada por um desequilíbrio metabólico, geralmente de origem genética, que é produzida por um defeito na enzima hepática que se encarrega de metabolizar e eliminar a trimetilamina.
A trimetilamina é um derivado da degradação bacteriana intestinal de aminoácidos, como a colina e a trimetilamina noxido. A doença ocorre quando a trimetilamina não é eliminada e se acumula no organismo. Esta doença apresenta dois tipos:
- A primária, herdada de forma autonómica recessiva.
- A secundária, produto de danos na função renal e hepática.
A Revista Espanhola de Nutrição Humana e Dietética indica que a incidência de portadores heterozigotos varia entre 0,5% e 11% em relação à forma primária da trimetilaminúria. [1].
O cheiro a peixe costuma, portanto, começar a ser liberado de diferentes formas após a sua acumulação no organismo:
- Pela urina.
- Pelo hálito.
- Pelo suor.
- Pelo ar expirado.
- Pelos fluidos vaginais.
O odor liberado é bastante desagradável, já que tem semelhança com cheiro de peixe podre.
Embora esta condição desagradável não afete o crescimento ou o desenvolvimento psicomotor de quem padece da mesma, é suficientemente incômoda para as pessoas que sofrem te trimetilaminúria devido ao mau odor, o qual pode afetar severamente a sua autoestima, criando ansiedade, estresse e depressão.
Esta doença não conta com um tratamento específico, pelo que as recomendações fundamentais são baseadas em:
- Evitar o consumo de alimentos que contenham colina, carnitina, nitrógeno e enxofre para mitigar dessa forma o odor corporal (leguminosas, clara de ovo, marisco e peixes azuis).
- Tomar, pelo menos, dois banhos por dia.
- Trocar de roupa depois de cada banho.
- Usar desodorantes neutros.
A Associação Espanhola de Pediatria afirma que a trimetilaminúria tem uma incidência estimada de 1 caso em cada 40.000 pessoas, o 1% poderia ser portador dessa condição.
Cheiro de peixe nas partes íntimas por vaginose bacteriana
Por outro lado, outro motivo relacionado com a presença de urina com cheiro de peixe é uma infeção vaginal conhecida como vaginose bacteriana já que, embora este odor característico provenha em si do corrimento vaginal, ele é facilmente confundido com a urina.
A vaginose bacteriana é uma infeção vaginal causada por um desequilíbrio das bactérias saudáveis que se encontram de forma normal na vagina. A mais comum é conhecida como Gardnerella Vaginalis.
Existem fatores relacionados com a presença dessa infeção vaginal que modificam o pH normal da vagina, incluindo:
- Desodorantes vaginais.
- Uso do DIU ou dispositivo intrauterino.
- Duchas vaginais.
- Múltiplos parceiros sexuais.
- Ter um parceiro sexual novo.
Além de tudo isso, qualquer mulher que tem vaginose bacteriana tem uma probabilidade maior de contrair alguma doença de transmissão sexual.
A presença dessa doença tende a ser assintomática em alguns casos, no entanto, em outros é provável que exista:
- Corrimento vaginal com cheiro de peixe que pode ser proveniente da urina.
- O odor tende a ser mais intenso após a relação sexual.
- Corrimento vaginal abundante.
- Corrimento esbranquiçado, cinza ou esverdeado.
- Corrimento espumoso.
- Ardência ao urinar.
Caso a vaginose bacteriana se apresente durante a gravidez, aumentam as probabilidades de uma gravidez prematura.
Assim que tenham sido detectados os sintomas caso se apresente vaginose bacteriana, não hesite em consultar o seu médico para que ele indique um tratamento, que pode incluir:
- Antibióticos em comprimidos orais.
- Antibiótico em gel ou creme de aplicação local na vagina.
- Os mais habituais são o metronidazol e a clindamicina, podem também ser indicados óvulos albocresil.
- Caso a paciente tenha um parceiro sexual estável, ele não necessitará de tratamento.
De qualquer forma, é essencial cumprir as recomendações médicas:
- Terminar o tratamento pelos dias indicados.
- Abster-se de ter relações sexuais durante o tratamento.
- O uso de antibióticos pode ser útil para esta infeção.
Cheiro de peixe na urina: causas
Outros fatores que podem provocar cheiro de peixe na urina e alterações na mesma são:
Vitaminas
O consumo de alguns suplementos vitamínicos podem ser responsáveis por alterar o odor normal da urina. Isso acontece após o consumo de:
- Vitamina D.
- Vitamina B6.
- Cálcio.
O mau odor na urina tende a ser maior em pessoas que não consumiram água suficiente durante o dia.
A gravidez
As transformações que o corpo da mulher sofre durante a gestação são razão suficiente para modificar o cheiro da urina. Isso ocorre por que a própria gravidez faz com que a urina se concentre ainda mais, piorando se a mulher não aumenta o consumo diário de água.
Se você está grávida e notou que a sua urina mudou de cor, aumente o consumo de água e, se isso não melhora, consulte um médico de imediato.
Alimentação
A dieta diária é motivo suficiente para que a urina sofra modificações, o odor forte na urina pode ocorrer após o consumo de aspargos.
O espargo em si contém um componente chamado ácido asparagúsico, um sulfuro natural que esta verdura contém e que, embora não seja prejudicial para a saúde, permite mudar o cheiro da urina.
Neste caso, o odor tende a desaparecer uma vez passadas 12 horas, aproximadamente.
Outras causas que podem causar uma mudança no odor normal da urina são:
- Desidratação: um défice no consumo diário de água pode alterar proporcionalmente as características normais da urina, fazendo que tenha um odor mais forte e uma cor mais concentrada.
- Infeções do trato urinário: o trato urinário pode ser afetado por bactérias, provocando o que se conhece como infeção urinária ou ITU. Isso faz com que a urina tenha um cheiro mais forte e muito mais concentrado.
- Diabetes mellitus: esta é outra razão pela qual a urina muda de cor, neste caso, a orina ganha um cheiro doce, o que ocorre quando a diabetes mellitus não é tratada adequadamente.
Hábitos para ter uma bexiga saudável
Existem alguns hábitos saudáveis que permitem ter uma bexiga saudável e livre de infeções e modificações nas suas características, estas incluem:
- Urinar entre 5 e 7 vezes ao dia.
- Levantar-se uma vez durante a noite para urinar.
- Não forçar a micção, urinar quando se tem necessidade.
- Não reter a urina.
- Tomar tempo para urinar.
- Manter uma higiene adequada na zona íntima.
- Evitar productos íntimos com perfume.
- Consumir água constantemente, pelo menos 2 litros diariamente.
- Evitar o uso de roupas íntimas justas.
Consulte imediatamente o médico caso você note que apresenta urina com cheiro de peixe ou que a mesma mudou de cor ou odor habitual, o especialista indicará o tratamento adequado para cada condição a tratar.
Este artigo é meramente informativo, no ONsalus.com.br não temos capacidade para receitar tratamentos médicos nem realizar nenhum tipo de diagnóstico. Convidamos você a recorrer a um médico no caso de apresentar qualquer tipo de condição ou mal-estar.
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- Aguilar-Shea, A. L., Gallardo Mayo, C., Amengual Pliego, M., & Morais López, A. (2016). Síndrome del olor a pescado (Trimetilaminuria), la dieta es importante. Revista Espanhola de Nutrição Humana e Dietética, 20(3), 254-257.
- Romero García, A., Bermejo Pastor, M., Benito Alonso, E., Barros Angueira, F., & Galán Gómez, E. (2013). Trimetilaminuria primaria o síndrome del olor a pescado: diagnóstico precoz desde atención primaria. In Anais de Pediatria (Vol. 78, No. 4, pp. 272-274).